terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O canto da Noite

"Naquela noite, ela não conseguia dormir...não sabia porquê. Sentia um peso...o peso de uma vida.
PLOC! Algo batera na janela. Ficou atenta, mas não ligou.
PLOC!...PLOC! O que seria?
Levantou-se e vestiu o que mais depressa lhe veio á mão. Espreitou pela cortina mas apenas a escuridão lhe inundou o olhar. Ia deitar-se de novo quando ....PLOC!
Mau! Já nao era normal.
Abriu a janela...
-Heyy! Psssst! Aqui!
Olhou para baixo e quase caiu com o que viu...ele estava ali...mas? Não! Ele não podia...Não podia!
Devagar entrou novamente e partiu ao seu encontro.
-Que fazes aqui? Isto está errado! Errado!
Um olhar bastou...Não dava para aguentar mais...
-Está errado...está errado....não, não! - Murmurava.
-Eu sei...eu sei que sim!
Mas tudo parou, o mundo parou, o universo parou!
E quando deram por si os seus lábios tocavam-se suavemente, e bastou mais um segundo para que se entregassem num fogo ardente que lhes queimava a alma e fazia saltar o coração!
E só as estrelas foram testemunhas...e o segredo daquele beijo ficou ali, no seu brilho, no seu esplêndor."


Um romance nunca fez mal a ninguém, pois não? :P

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

So this is Christmas...

"Era Natal. Tudo estava em suas casas, preparava os docinhos, embrulhava os últimos presentes, recebia a família..sim, porque esta é a festa da Familia!
Saí de casa, do quentinho...estava cansada, o dia tinha sido longo e em breve iriam chegar os convidados, a familia inteira! Os miúdos a perguntar "Já é meia-noite??"; os mais adultos sem saber por onde andar...eram as crianças que brincavam com o cão, eram os atropelos dos rumos cozinha-sala de jantar...que nervosismo pairava no ar!
Então saí...queria apanhar ar...ver como seria noutros lugares esta noite especial. O meu andar conduziu-me a um jardim ali perto. Sentei-me num banco junto a um canteiro e fiquei a ver as estrelas. Como gosto de ver as estrelas...
Imaginei como seria a noite, os presentes, a alegria, a comida, as luzes, o AMOR...*cof, cof*...De onde veio isto? Quem tossiu? Olhei em todas as direcções e foi quando vi que mesmo ali perto, algo se movia. Não sei porquê, não tive medo...aproximei-me.
-Desculpa, não queria incomodá-la!
Uma menina de talvez uns 12 anos de idade, encontrava-se ali...tinha a roupa suja e rota, e que era pouca para o frio que estava. Ao lado, um cartão velho tentava voar enquanto as mãozinhas friorentas da menina o tentavam segurar.
-Que fazes aqui? -Perguntei. Ela tremia.
-Não sei...sou só mais uma sem-abrigo que anda por esta cidade.
Senti um ardume nos olhos.
-Os teus pais?
-Não sei.
Um pulo na barriga.
-Vais ficar aqui esta noite?
-Vou sim, não tenho para onde ir.
Sorriu-me. Os olhos molharam-me as pestanas.
-Tens fome?
-Muita. Vê aquela casa? Além? Passei por lá...cheirava tão bem. Pensei bater á porta, mas mal me aproximei uma senhora viu-me e fechou as cortinas a gritar "Vai-te embora, sua vagabunda!".
A minha pele estava a ficar húmida.
-Ficas aqui, minha querida? Eu volto já!
Corri. Corri com quantas forças tinha. As lágrimas corriam também pela minha face e desaguavam no vale dos meus lábios. Ali estava, a minha casa. Entrei.
-Sofia, já aqui está toda a gente, a Ceia, está na mesa! Onde andaste?
-AGORA NÃO!
Não tinha fome. Não tinha tempo.
Corri para a cozinha. Uma travessa do Rei da Festa ainda lá estava. Duas postas de bacalhau, sim...chegariam. Algumas batatas e uma boa porção de legumes. Embrulhei o prato em prata de cozinha. O que seria uma ceia sem sobremesa? Duas filhós...não, 3! São bem grandes. 4 Rabanadas...talvez um pouco de Bolo Rei e Aletria...Sim, é isso.
Peguei em tudo e corri para a porta. ESPERA! E o frio? Pousei tudo de novo. Fui até ao quarto. Não, não vou precisar disto. 3 camisolas de lã bem quentes, um casaco enorme e grosso, com gorro para proteger da chuva e do vento. Dois pares de calças novas, e um par de botas de neve de que não preciso porque aqui não neva, mas são óptimas para o frio.
-MÃE! Fizeste chocolate quente?
-Sim, filha...está aí no termo grande para se manter quente, mas para quê filha? Isso é só depois!

-O termo pequeno, precisas dele?
-Agora não, mas que se passa?
Será que não vêm que estou com pressa!
Está tudo pronto, passo a correr pela sala onde tudo já está sentado, á minha espera! Mas não quero saber...alguém muito mais urgente me espera também!
-Até já!
Corro ainda mais, preciso, necessito de fazer isto!
Ela ainda lá está...levanta aqueles olhos de anjo para mim e eu não resisto. Ponho tudo á sua frente e as lágrimas correm ainda mais fortes.
Ela não toca em nada...apenas observa.
-É para ti! Come, veste-te!
-Para mim? Mas...não posso dar-te nada em troca!
-Por favor...aceita!
A medo ela começa a comer, eu fico a observá-la. Quando acaba, começa a vestir as camisolas e o casaco...veste as calças por cima das que tem e calça as botas. Sorri. E agora o seu sorriso ilumina tudo, todo aquele jardim, toda aquela cidade, todo este meu mundo!
-Obrigada!
Pego na carteira e tiro uma nota.
-Toma. Procura um sitio para dormir. Isto deve chegar para que tenhas um Natal digno. Tenta procurar quem te acolha minha querida, com certeza um Anjo olhará por ti.
Dou-lhe um abraço e um beijo de despedida. Ela sempre a sorrir começa a beber o chocolate quente. Começo a correr de volta a casa e quando olho para trás vejo-a arrumar todos os meus "presentes" para se pôr a caminho.
-Mas afinal onde andaste?
Sento-me a mesa mas não começo a comer. Olho para toda a minha familia e digo:
-Hoje sei finalmente qual o verdadeiro sentido desta noite. Sei finalmente o porquê de estar aqui convosco agora. Sei que é pela união entre a familia, pela alegria, pelos sorrisos das crianças, pela paz, mas principalmente pelo Amor. Hoje sei o que é o verdadeiro Espirito de Natal, e hoje sei que sou a sorte viva por vos ter a vós, a esta casa e a este jantar. Obrigada.
Todos me olham, ninguém entendeu.
Olho pela janela com um sorriso...uma enorme estrela brilha, e eu sei, eu sinto que é para mim."


Este sim,é o verdadeiro Espirito desta época. Isto sim é o que o Mundo deve viver na Noite de 24 de Dezembro. Obrigada a ti, que leste tudo isto até ao fim. Obrigada áqueles que têm estado a meu lado toda a minha vida - A minha familia, os meus amigos, o meu namorado. Obrigada a vocês (e sabem quem são) que me deram o melhor presente de Natal antecipado que já tive - A vossa amizade.
Amo-vos com todo o meu coração.

Um Santo e Feliz Natal para todos.
HoHoHo

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Novo Capítulo

Há muito que amigos me pediam para comentar este ou aquele blog. Diziam que era um óptimo local para deixar os desabafos do dia-a-dia. Mas eu nunca senti necessidade de um diário e, muito menos, de um diário público. Talvez nunca tenha tido um dia tão mau como o de hoje.
A vida dá voltas e reviravoltas, e por vezes nem nos apercebemos daquilo que nos está a acontecer, e só no ponto do desmoronamento total, acreditamos em certos e determinados conselhos que nos deram ao longo do tempo de "incubação".
Talvez eu nem volte a escrever aqui...ou apenas volte daqui a muito tempo. Talvez até ninguém se interesse por ler estas palavras largadas ao vento, ou as ache demasiado deprimentes para serem importantes. Mas hoje precisei disto. De escrever. De desabafar. Mesmo que fosse para um nada...um mundo cheio de vida e de cor, escuro e morto.
Foi-me dito: "Largas-te uma coisa, por causa de outra, e essa outra deixa-te agora...logo...estás sozinha!"
Tinha razão.
Vamos falar de amizades?
Numa fase carente da vida de um ser humano, é normal ter-se um amigo que nos acompanha, apoia, faz sorrir, limpa as lágrimas, levanta do chão, e se for preciso nos grita e esbofeteia com a intenção de nos fazer "acordar". Hoje teria dado tudo para que um amigo me tivesse dado um estalo. Significaria que o tinha.
Num dia negro como este, não mais negro que a fase por que passo, seria natural ter o grupo enorme que acreditava que ia ter em meu redor. Fazendo-me sentir bem.
O grupo esteve lá mas não foi em meu redor...eu estava simplesmente...á parte. Não porque quisesse mas sim porque senti que assim o queriam.
Estranho é, que as únicas pessoas que se preocuparam comigo sejam aquelas para quem mal falo no meu dia-a-dia. Talvez seja uma lição. Excepto claro, o único que sempre esteve a meu lado quando mais precisei, apesar de tudo.
Talvez seja verdade. Está na hora de iniciar uma Nova Etapa. Uma Nova Vida. Seguir um Novo Rumo.
Porque hoje, naquele chão duro e frio, por entre os cabelos ondulantes e as lágrimas serpenteantes que me ofuscavam a visão, olhando para as folhas que rolavam pelos meus pés, e para o céu negro que ameaçava chorar tanto quanto os meus olhos, eu questionei:
-Eu mereço isto?
E logo soube...
Sim, eu mereço.